A denominação de Serra de Sant'Ana, segundo Nonato Motta,
teria sua origem a partir de Margarida de Freitas ou Margarida de Oliveira
Nogueira, que em função de uma 'doença”, no início da década de 1750, e pelo
seu completo restabelecimento, teria feito votos a Nossa Senhora de Sant'Anna,
prometendo 23 construir uma capela com uma imagem da santa .
Segundo o catolicismo, Santa Ana, Sant'Ana ou Santana, apesar
de não ser mencionada nos Evangelhos, seria a mãe de Maria e, portanto, avó de
Jesus Cristo. A devoção a essa santa foi instituída pela bula papal em 1584 e é
venerada como padroeira das mulheres casadas, especialmente das grávidas, cujos
partos torna rápidos e bem-sucedidos, é também protetora das viúvas, dos
navegantes e 24 marceneiros . Tal devoção talvez se deva ao fato de não termos
encontrado referências sobre descendentes diretos de Margarida de Freitas.
Nesse sentido, podemos inferir que Margarida de Freitas havia
se recuperado e cumprido a promessa, erguendo a Capela e comprando a imagem de
Sant'Anna, o que explicaria, possivelmente, a terceira nomenclatura que recebeu
a futura Serra de Portalegre, o que pode ser verificado na carta de doação
Nonato Motta apresenta uma certidão cartorial reproduzida em
20 abril de 1814, cujo original expedido em 25 de fevereiro de 1752, cujo
documento trata de uma doação de terra que Carlos Vidal Borromeu faz a sua neta
e afilhada Damiana Costa da Motta sendo “uma sorte de terra chamada Sant'Anna,
na serra do pody [...] onde começa a descobrir as léguas para baixo da serra e
para o Olho 25 d'água do Brejo [...] até topar no riacho dos Dormentes” .
É importante notar que o Olho d'água do Brejo que o documento
faz referência é o mesmo que em 1749 os irmãos portugueses pediram concessão de
terras e é também o mesmo olha d'água existente atualmente na cidade de
Portalegre. Acreditamos que a menção a riacho dos Dormentes seja o boqueirão
que divide as serras de Portalegre e Martins e que, apesar de não ser um
afluente do Rio Apodi, durante o inverno corre nessa abertura, grande vazão de
água chamada hoje de “Riacho da Forquilha”.
Ao analisar a única carta de data e sesmaria encontrada após
1752 e antes de 1761 – ano de fundação da Vila – que possivelmente era na Serra
dos Dormentes, encontramos uma referência “a uma serra chamada Santa Anna”. Na
carta de sesmaria pedida por Francisco do Rego Barros, em 20 de setembro de
1758, e só concedidos dez anos depois, o suplicante “descobriu uma serra
chamada Santa Anna por respeito de que ao pé dela se acha uma fazenda situada
26 no mesmo título de que o suplicante é rendeiro” , na Ribeira do Apodi
Apesar de não termos ainda conseguidos informações sobre
possíveis fazendas existentes ou que já existiram no entorno da serra com o
nome de Sant'Anna, essa carta de sesmaria de Francisco do Rego Barros confirma
a nomenclatura que recebeu a serra antes de se passar definitivamente a serra
de Portalegre. E, além disso, propõe uma outro caminho para a investigação
acerca da nomenclatura recebida que não seja a de respeito a devoção à Sant'Ana
por Margarida de Freitas.
FONTE - INTERNET
Nenhum comentário:
Postar um comentário